COVID-19 e o fenômeno da vigilância e contravigilância
Gomes / 23 Ottobre 2020

    Com exceção dos serviços de inteligência e militares, uma das áreas que mais se aplica a vigilância é a da saúde. Se tomamos, por exemplo, a ciência médica, desde a anatomia, anamnese, análise de fluídos, estatísticas, manuais de classificações, tecnologia de imagens, diagnósticos e prevenção se verifica a aplicabilidade não somente de procedimentos, métodos, técnicas, mas também tecnologias sofisticadas de imagem, robótica e outras para compreender determinado fenômeno e agentes patógenos. É comum usar os termos vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental, etc. Nesse sentido, todo esse conjunto de saber e de tecnologias é extremamente importante e benéfico para os governos para a elaboração de políticas sanitárias, prevenção, combate, controle e erradicação de doenças e é garantido por meio de investimento em educação, pesquisa científica e tecnológica, saneamento e inclusão social. Visa-se, portanto, o bem-estar da população. A pandemia de COVID-19 é uma dessas realidades em que o conceito de vigilância tem sido aplicado concretamente. Em curto espaço de tempo produziram-se vultosas quantidades de pesquisas, estudos para vacinas, testes para detecção, formulários para identificação de pacientes e aplicativos a partir de geolocalizaão para indicar áreas de maior incidência do vírus para prevenção (Immuni, COVIDSafe, OpenTrace, etc)[1]. French e Monahan afirmam…

As leis da Robótica de Isaac Asimov (1902-1992)
Gomes / 22 Novembre 2019

  As leis da Robótica de Isaac Asimov (1902-1992) No filme O homem bicentenário o robot NDR Andrew apresenta as três leis da robótica.  São elas: 1) Um robot não pode ferir um ser humano ou por inação; 2) Um robot deve obedecer às ordens que lhe foram dadas por seres humanos, exceto nos casos e que tais ordem contrariem a primeira lei; e 3) robot deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira e segunda leis. Uma quarta lei, é acrescentada posteriormente pelo autor, a chamada Lei Zero: Um robot não pode fazer mal à humanidade e nem, por inação, permitir que ela sofra algum mal (link). Estas leis seriam aplicáveis no contexto atual? Asimov, de certo modo já intui a complexidade decorrente da ação dos robots, mesmo de forma incipiente, e elabora tais regras considerando certas ações destas máquinas construídas com um nível de inteligência artificial, poderiam alcançar certa autonomia, deixando de lado a própria programação. Assim, ele formula tais leis que, no seu conjunto, possuem um conteúdo ético. Obviamente, que os tempos mudaram e o nível de aplicação dessas leis são muito limitadas, uma vez que são intuídas desde…

Roboética: alguns conceitos fundamentais
Gomes / 25 Ottobre 2019

Atualmente a interação com robots e mais do que imaginamos. Desde os mais simples, como a máquina de café expresso que lidamos no cotidiano, aos mais complexos, tais como os humanoides ou aqueles empregados nas intervenções cirúrgicas ou na guerra. Eles comportam tecnologias especializadas e, em diferentes campos do saber, para lograrem cumprir sua finalidade. Podem ser autônomas e não autônomas. Os primeiros são capazes de tomar decisões usando sofisticados sistemas computacionais, enquanto que os não-autônomos ou telerrobots necessitam de alguma supervisão ou contribuição humana nas decisões que devem empreender (link). Quanto à forma física são zoomorfos, antropomorfos, amorfos ou fixos, como no caso de uso industrial. O conjunto de conhecimentos científicos e técnicos nesta área do saber denominamos de robótica. Roig afirma que a robótica «é a ciência e tecnologia dos robots. É uma combinação de muitas disciplinas científicas e seus campos de aplicação estão se expandindo cada vez mais» (link). Trata-se de um campo novo de estudos com diversas aplicações: militar, industrial, afetivo-sexual (affective robotics, sex tobots), cuidados (carebots), utilizados em e outras áreas biomédicas (medibots), veículos autônomos, robótica ambiental (environmental robotics), serviços domésticos, produção de veículos, reconhecimento de áreas inacessíveis, etc. [1] Conforme se observa, a robótica…

Roboética: um começo de conversa sobre inteligência artificial e ética
Gomes / 26 Aprile 2019

Roboética: um começo de conversa sobre inteligência artificial e ética O objetivo dessa série de artigos é compreender e refletir acerca de algo que, aos poucos, torna-se cada vez mais corriqueiro na vida da sociedade, o uso dos robots, outrora, presentes somente no mundo sci fiction, e deixa as telas de cinema para se tornar realidade. Tais tecnologias são aplicadas em diferentes áreas da vida humana e, em muitas situações, levantam questões complexas, devido às próprias ambivalências decorrentes das tecnologias em si mesmas e de suas possibilidades de vulnerar o ser humano, bem como outras formas de vida ao entorno. Assim, inaugura-se, a partir desse novo campo de discussões, uma nova área de ética aplicada à robótica com a finalidade de refletir sobre tais problemáticas. O filme “o homem bicentenário” (disponível on-line também em outras línguas), conta a história de um robot, o NDR “Andrew”, que é comprado executar serviços domésticos e, aos poucos, humaniza-se. Sua presença na família gera tensões e desconfortos, surpresas e expectativas. Neste processo de humanização do humanoide, algumas características emergem: identificar emoções das pessoas, criatividade, sensibilidade, desejo de mudar o rosto enrijecido para transmitir melhor os próprios sentimentos, desejo de liberdade, desejos e pulsões sexuais,…